Se considerarmos que colcocar algumas pessoas fazendo musica junto reflete um formato já pré-existente na vida social, a Orquextra vem se desdobrando a partir de diferentes referencias: igreja, escola e Estado. As corporações (o próprio nome já indica) eram formações musicais criadas em categorias profissionais - com seus integrantes - a partir da Revolução Industrial.
Já no Japão, desde a muito tempo, familias tradicionais de músicos através de várias gerações estabeleceram escolas onde reproduzem o seu conhecimento e práticas.
As igrejas - das mais diferentes tradições no Ocidente e Oriente - criaram formações musicais com funções bem determinadas nos cultos e rituais. Martinho Lutero - o reformador - usou a prática musical de forma extremamente engenhosa. Seguindo o processo racionalizador do Iluminismo, que respondia também a demandas sociais, políticas e econômicas, ao buscar estabelecer bases "racionais" para a prática musical na Europa Central, Lutero criou padrões de prática musical, estabelecendo, texto (melodia e texto) e inserindo a narrativa musical em fórmulas simples no decorrer do ritual religioso, da missa. Respondendo assim a todo um movimento da época que empreendeu a busca de padrões fixos de comunicação, que pudessem ser reproduzidos de forma mecânica, criando assim uma nova escala de divulgação e alcance para esses materiais. O cravo ficou bem-temperado e assim, pôde ser reproduzido em larga escala, sem que houvesse grande variação no seu formato. Reproduzia um padrão "racional" de afinação e execução musical. Complementando esse movimento, edições de músicas deviam se adequar a esse enquadramento e homogeinização na formulação e representação dos parâmetros sonoros como altura, duração, ritmo e dinâmica.
A rotativa começava a girar e a ganhar cidades e vilas nunca alcançadas.
Poderia-se amolecer almas nos rincões mais recônditos com o mesmo material e a baixo custo. Mestres de Capela teriam um treinamento uniforme e estariam amparados por materiais homogêneos, seguindo uma linguagem musical única.
Esse modelo o Estado moderno vai reproduzir na versão laica.
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