terça-feira, 8 de setembro de 2009

O QUE É UMA ORQUEXTRA (11)




B L I N D     S O U N D     O R C H E S T R A

Vamos aos cegos: a interrupção

A BLIND SOUND ORCHESTRA foi criada para a I Jornada Brasileira de Cinema Silencioso promovida desde 2007 pela Cinemateca Brasileira com curadoria de Carlos Roberto de Souza, que me convidou para fazer a curadoria musical. 

A idéia de um grupo de músicos cegos fazendo ao vivo a música para um filme mudo, vem da idéia principal de interrupção e voyerismo.

Interrupção dos sentidos, o filme mostra mas não fala, os músicos falam mas não enxergam... 

O publico completa esse triângulo, como um voyeur, completando a relação ver-ouvir. Uma certa perversão acompanha o público em relação aos músicos, uma vez que eles podem fruir a completude da situação: capturando a ação dos músicos, que estão numa situação de relativa impotência sensorial.

Os sentidos se destacam e ganham autonomia, quebrada essa pureza conceitual (ou antes, desconstruída..)  por truques baratos de music-hall, vaudeville e freak show: através de um ponto eletrônico colocado no ouvido dos músicos - mas imperceptível ao público - eu envio as mensagens, comandos, instruções musicais básicas (uma vez que são músicos muito simples, tocam nas ruas em suas cidades...) aos músicos possibilitando sincronizações com situações do filme, como trovões, gente brigando, socos, quedas, beijos, etc.

Esse é o fator circo da coisa. 

Ao fundo, uma sensação de melancolia emoldura o tom melo-dramático e pietista. 

Mas na potencia dos "efeitos especiais", os músicos respondem a perversão sensorial do público que os devora.

Ambiguidades, truques, tudo para colocar em tempo musical questões como a relação imagem-som, etc.

Os heróis se chamam: José Rosa (andarilho, no momento em Rio Claro (SP)), Clarice Mantovani e Alcidio Correia (S.J. do Rio Preto, SP) e JP SOM( Araraquara, SP).

Nós tocamos o filme "Aitaré da Praia" de Gentil Roiz (Pernambuco, 1925), entre outros.



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