terça-feira, 22 de setembro de 2009

O S E S P D O S P O B R E S PRIMEIRA PARTE


Porque o governo investe tanto dinheiro numa Orquestra Sinfonica? 

Na verdade estamos ainda buscando imitar modelos de cultura. Os modelos são a Europa principalmente e os EUA. Porque o poder publico investe tanto numa Orquestra Sinfonica e não aplica com a mesma intensidade em outras manifestações culturais? 

A cultura "erudita" tem bastante de oficial, de chapa branca. Ela faz parte do imaginário da elite brasileira e paulista, de tornar-se primeiro mundo. Quer imitar o modus vivendi da Europa e EUA. Isso é um tema velho , mas atualíssimo. 

Assim, ela legitima o investimento de tanto dinheiro numa Orquestra sinfonica, como se houvesse uma atualização cultural, estivemos numa corrida para nos tornarmos primeiro mundo e civilizados". 

O povo comum não tem nenhum complexo de ser europeu ou norte-americano, inventa suas proprias tradições e formas de expressão. 

O que me deixa perplexo é que esse complexo de inferioridade cultural persiste e atravessa gerações, impregnando os mais diferentes grupos. 

Veja-se o pessoal muderno, da arte contemporânea, ainda assim, correndo atrás das formas de como se faz lá fora! 

O meu tema aqui é mais focado: o que legitima o investimento do poder publico numa Orquestra Sinfonica e sucedâneos das Belas Artes (Ah, essa generosa viúva...) é o resultado de um complexo de inferioridade. Acho justo que tenhamos uma Orquestra que toque o orfeão do repertório sinfonico e etc; mas não existe nenhuma transparência e mesmo diálogo com a sociedade sobre as proposições institucionais do estado na área da cultura. 

Existe a imensa população sem-cultura e abandonada a TV. Existe as chamadas "culturas alternativas" que é a pecha que se arranjou para distribuir migalhas e catalogar como periférica expressões culturais e mantê-las com a esmola de um pretenso paternalismo.

Investir milhões numa sala de concertos e numa Orquestra para mostrar que a elite de São Paulo se emparelha as elites do primeiro mundo. Fazer essa Orquestra passear por lá, e mostrar no focinho deles que: Yes, nós temos Orquestra Sinfonica. Uma pretensão muito pequena e pobre se compararmos com a grandeza de imaginação e fantasia do povo brasileiro.

Lembro-me daquele quadro de humor do Paulo Gracindo nos anos 70, o primo rico e o primo pobre. Muito atual e generalizante em se tratando de discurso sobre "politicas culturais e de inclusão cultural".

Para a Orquestra de Musicos das Ruas de São Paulo, criei esse anti-titulo: "OSESP DOS POBRES".

Um comentário:

  1. adorei a discussão. concordo, a elite brasileira quer ser européia...e há muita hipocrisia nisso tudo

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